A “bomba” que rebentou com o plano de resgate a Chipre, apresentado pela União Europeia (EU), provocou duas ondas de choque diferente e em momentos diferentes. Primeiro foi a surpresa e a dúvida. Houve quem pensasse que era uma brincadeira de mau gosto!. Não se brinca com coisas sérias, ouvi dizer!. Mas foi sol de pouca dura!. Quando se verificou que não era brincadeira nenhuma e que era mesmo a sério, veio a segunda onda. Instalou-se a revolta, a desconfiança e o receio no futuro. Nesta vaga toda a gente, cada um à sua maneira, deitou contas à vida! Os mais esclarecidos e atentos à política, viram de imediato a “argolada” cometida pelos responsáveis da UE. O aparato noticioso que se desencadeou é do conhecimento geral. Não vou repetir, títulos e parangonas noticiosas que toda a gente leu e/ou ouviu. Os outros, os desatentos da política, pensaram de imediato nas suas pequenas poupanças!. Poupanças essas guardadas no banco para fazer face a eventuais necessidades imprevistas; Poupanças essas provenientes de rendimentos do trabalho já liquidas de uma série de impostos a que estiveram sujeitas. Muita gente, por essa Europa fora, naturalmente ficou aflita. O tempo foi passando e as noticias continuaram!. Finalmente uma boa noticia, chegou: “Parlamento cipriota chumbou controversa taxa sobre depósitos”. Nenhum voto a favor, 36 contra e 19 abstenções! Bem feito!. Embora os credores, se sintam no “direito” de exigir a seu belo prazer, é bom que, independentemente das consequências, haja alguém que lhes bata o pé, em defesa da integridade própria!. Há limites para tudo!.
Com as reacções geradas na União Europeia e até no mundo, houve logo quem se demarcasse de tal posição e quem se apressasse a dizer que tal medida nunca seria aplicada nos restantes países da União. Era, portanto, uma medida específica para o Chipre!... O porquê, não se sabe!. Embora tenha ouvido “zum , zum´s” de que era para penalizar a “lavagem de dinheiro”. Fico na dúvida!. Acho que não é forma de penalizar um crime!
Bom! E agora? Perante isto, podemos ficar sossegados? Para já, eu digo não muito, embora o sr. Ministro das Finanças tenha dito que em Portugal, “está fora de questão”!. Digo isto, porque temos assistido a determinadas afirmações de “nunca, não, temporário” e depois verifica-se exactamente o contrário: O “nunca” inverte-se, o não passa a sim e o temporário passa a definitivo. O ficarmos sossegados, a meu ver, depende da solução que for dada ao Chipre! Neste momento, com base no que aparece na imprensa, deduzo que muitos dados estão em cima da mesa. Dois deles muito importantes: A Rússia e a Igreja Ortodoxa do Chipre. Ficou-me uma afirmação do arcebispo da igreja Ortodoxa: “Toda a riqueza da Igreja está à disposição do Chipre para que possamos levantar-nos sozinhos e não com a ajuda de estrangeiros ”. Será isto possível? Sem ajuda externa duvido, mas sem ajuda da UE é possível!. Depende do acordo que se estabelecer com a Rússia. E, obviamente a dimensão do acordo vai depender dos interesses que a Rússia possa ter no Chipre e na UE. Muitos cenários se podem configurar: Por exemplo, supomos que a Rússia teria interesse em abrir uma brecha na UE. Bastava apoiar o Chipre na integra ou conjuntamente com a Igreja Ortodoxa e exigir que o Chipre rompesse com a UE!... Pelo que se ouve é pouco provável que aconteça!. Mas, às vezes há surpresas!. A meu ver, se a solução encontrada eliminar de vez a tal taxa, podemos sossegar, se não, nem nós nem os outros países sobre resgate. Se o Chipre aguentar!…. …. …. Fico-me por aqui!... A ver vamos!...
Artigo presente no Jornal Povo da Beira – Edição 995
Desde que chegaram os técnicos da troika, para a 7ª avaliação, as noticias não têm sido as melhores. Algumas eram puras especulações, uma vez que ainda não eram conhecidos os resultados da avaliação. Mas, especulativas ou não, não estavam longe da realidade!. Os trabalhos de avaliação terminaram, os técnicos partiram e os responsáveis de cá, ficaram calados!. O silêncio do governo, mais propriamente do sr. Ministro das Finanças foi mau agoiro. As noticias não eram boas e tinham de ser “tratadas”!. Finalmente na Sexta Feira o sr Ministro Vitor Gaspar decidiu apresentar aos portugueses os resultados da famigerada avaliação. E, de facto o que se pressentia, aconteceu!. Para mim foi pior do que previ. Após o anúncio, a comunicação social apoiada pelos seus analistas políticos e económicos encheram o país de informação. Em todo o dia não houve noticiário que não falasse no assunto. Resultado: Os portugueses estão apreensivos, desmotivados, assustados e sem esperança no futuro!. Há quem diga que isto tarde ou nunca se endireita!. Que vai ser tarde, acredito. Nunca, é forte de mais!.
De facto fazendo uma, ligeira, ronda mental aos últimos dois anos e comparando com a situação de agora, a perspectiva futura é assustadora. Todos temos bem presentes as medidas de austeridade que nos foram impostas em 2011 e 2012. Subiram os impostos que atingiram directamente as pessoas (IVA e IRS), tiraram parte dos subsídios de férias e de Natal e decidiram reavaliar os bens imóveis com vista ao aumento do IMI. Isto doeu e as marcas são bem visíveis! Entretanto, o governo, tentava “sossegar” as pessoas com previsões de que em finais de 2012 se iria notar a mudança; que a compensar os sacrifícios teríamos crescimento económico; que o ano de 2013 era o da viragem e por aí fora!... Promessas e mais promessas!... Com desespero e sacrifício, cá aguentamos como disse o dr. Ulrich!. Entramos em 2013 e levamos em cima com a noticia de que afinal, falhou tudo! Na Sexta Feira tomamos conhecimento do descalabro em que o país se encontra e para onde caminha! A recessão em vez de 1% vai ser de 2,3%. Mais que o dobro do previsto. O PIB a descer e o desemprego a caminhar a passos largos para os 19%. Em cada cinco portugueses, um está desempregado! É obra!... Em plena catástrofe, chegam à brilhante conclusão de que o desenho do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal, foi mal feito!. Isto quer dizer que os “artistas” dos modelo ou modelos econométricos têm estado a trabalhar mal!. Tomar consciência disso, já não é mau!. Mas, mau a caminhar para o péssimo, é estes desenhadores lá continuarem!. Se desenharam mal, vão continuar a desenhar mal!. Penso eu!. E, a manter-se assim , o futuro será cada vez mais negro e agonizante!.
A reacção das entidades com responsabilidade política, económica e social foi no mesmo sentido. Os partidos na oposição, as organizações sindicais e patronais exigem/sugerem a demissão do sr. Ministro das Finanças e até do governo. O sr. Presidente da República mostra preocupação não só pelo país, mas também pela Europa. A falta de confiança no governo é geral. Errar é humano!. Mas, errar, errar, errar … errar sempre deixa de ser humano!. Parece que para estes senhores, um erro atrás do outro, é só mais um!. Por isso se mantêm tão agarrados ao poder!
Bem!. No meio disto tudo, parece que só a troika ficou satisfeita com os resultados da avaliação!. Cada um por si, pense e conclua!. Os portugueses são o melhor povo do mundo, mas não são estúpidos!...
Artigo presente no Jornal Povo da Beira – Edição 993
Pronto!. Face aos objectivos e compromissos assumidos, o governo planeou, apresentou o plano para discussão, e, com alguns ajustamentos foi aprovado pela maioria, e, ao contrário do que se temia, sem moções de rejeição. Agora, ao trabalho!...
Agora ao trabalho e que cada um se coloque no devido lugar e assuma, conscienciosamente, as suas responsabilidades e deveres. Acho que ninguém tem dúvidas de que a situação não está para brincar às políticas, aos poderes ou ao “bota abaixo”. As forças políticas que apresentaram alternativas, lógicas, aos pontos de que discordavam, devem mantê-las em aberto e o governo não as deve esquecer. Nesta conjuntura, podem ser de aplicação difícil ou impossível, mas no futuro pode muito bem, não ser assim. Recordo-me da proposta do PCP em relação à renegociação da divida. Sem dúvida que, neste momento, era óptimo para o país. Mas, tenta-lo agora!? A meu ver era perder tempo e criar desconfianças!. Se calhar no futuro, até pode ser possível, se conseguirmos a confiança dos nossos credores, nos tornemos um mercado apetecível e recuperarmos poder negocial!.
Não foram novidade as medidas de austeridade apresentadas. Já esperávamos por elas!... Quem deve!..., tem de pagar!... O orgulho e seriedade, assim o exigem. Para já, rezemos para que sejam suficientes as medidas, de choque que vão ser aplicadas!.
A medida mais criticada e badalada foi a do corte no Subsídio de Natal. Claro que um corte no rendimento quando o custo de vida sobe, custa aceitar de boa cara!... Mas, tendo em conta as isenções consideradas, acho que para o nosso bom nome, vale o sacrifício!. A aplicação a rendimentos superiores ao ordenado mínimo é justa. Proteger os mais desfavorecidos é uma questão de justiça e obrigação social. Penso, que em termos de isenção, ainda se podia ir mais longe: Isentar rendimentos equivalentes a dois ordenados mínimos, permitia, a meu ver, que as famílias fizessem no Natal, exactamente os mesmo que fariam sem corte. Digo isto, porque, assim, os rendimentos abrangidos, suportavam, sem alterar, o nível de vida de quem os aufere (um corte de 100 euros num ordenado de 800, produz um efeito diferente do que 1.000 num ordenado de 3.000).
Sei que vai haver contestação dos mais variados agentes económicos. Cada um à sua maneira vão levantar a voz. Vozes essas que não levam a nada!. Podem até prejudicar (ex. greves). Acho que em vez de contestação, todos os agentes económicos, sem excepção, devem é pensar na maneira de combater estas medidas, com outras medidas que vençam estas. Para isso, só vejo três formas: Produzir o máximo, exportar mais e importar menos. A nós, cidadãos, cabe trabalhar, colaborar e facilitar a aplicação das medidas. Ao governo, mais propriamente, aos Ministérios das Finanças, Economia, Agricultura, justiça e Negócios Estrangeiros criar mecanismos que permitam: Controlar e gerir as medidas de choque de modo a torná-las suficientes, relançar a agricultura e a industria apoiando as pequenas e médias empresas na produção de bens transaccionáveis, combater os “lobbies” e corrupção que tanto mal fazem à economia e procurar novos mercados externos desenvolvendo as exportações.
Com os devidos ajustamentos, penso que o caminho terá que ser este!... A ver vamos!...
O novo governo tomou posse. Ontem, tal como tinha sido determinado pelo Sr. Presidente da República, foi feito o juramento. À excepção do alarido, desnecessário, feito pelos jornalistas, em relação à chegada, de lambreta, do Dr. Pedro Mota Soares, tudo correu dentro da normalidade.
Ao contrário do que esperava, como manifestei no texto anterior, desde que foi conhecido o elenco governativo, até ontem, não dei por comentários absurdos, despropositados ou tendenciosos. Antes pelo contrário, comentários bastante abonatórios, dados por gente de nome na praça. Até o Dr. Medina Carreira, já conhecido pelo seu pessimismo, teceu rasgados elogios e manifestou a sua confiança. De facto, há muita gente confiante nesta equipa. Acho que estamos todos. Espero que a oposição, cumpra, exactamente ,o que tem estado a prometer: colaboração, cooperação, critica construtiva, apresentação de alternativas, etc…Em suma, que participe na governação com sinceridade e vontade de salvar o país! Todos sabemos que a tarefa não vai ser fácil e provavelmente vão aparecer algumas surpresas. Mas, acho que todos vamos compreender, se forem apresentadas com rigor, verdade e em tempo útil!. Aliás, há a promessa do sr. Primeiro Ministro que assim será.
Também, ontem, depois do fracasso de Segunda Feira, decorreu a eleição da Presidência da Assembleia. Correu bem. Houve unanimidade. E, isso é bom. Não teria havido tanto alarido à volta do caso se o Dr. Fernando Nobre, tivesse retirado a candidatura em tempo útil. Não teria havido o chumbo e teria saído por cima!.
A manifestação de todos os partidos em relação à eleição da Dra. Assunção Esteves foi muito boa. Não digo óptima, porque houve duas “farpasinhas”, vindas do PS e dos Verdes, a meu ver desnecessárias. Os Verdes referiram o termo “segunda escolha”, que eu detesto quando se elegem pessoas para cargos de responsabilidade. O PS fez questão de afirmar que esta teria sido a sua primeira candidata. Acho que tanto uma observação como outra foram gratuitas!... E digo gratuitas, porque se o processo do Dr. Fernando Nobre tivesse sido tratado de outra forma, ele teria sido eleito. Se, na altura o Dr. Passos Coelho tivesse ficado pelo convite para deputado, os outros partidos entendiam como uma tentativa de ganhar eleitorado; como falou logo no cargo de Presidente da Assembleia, caiu mal!. E, como se isto não bastasse, ainda houve as declarações do próprio Dr. Fernando Nobre, que mais tarde tentou aligeirar sem qualquer resultado positivo!...
Bem!. O que se passou , passou!. Já estão todos nomeados e instalados, agora que governem bem e não nos desiludam!.
Desejo a todos um bom começo.
Jcm-pq
Não sou político, não tenho filiação política e também não sou comentador de qualquer espécie, mas atrevo-me a comentar alguns procedimentos de ontem relativos à publicação do novo elenco governativo para os próximos 4 anos.
Dia 5, eleições; dia 23 tomada de posse do novo governo. Dezoito dias chegaram para votar, contar votos, eleger deputados, estabelecer coligações partidárias, indigitar Primeiro Ministro, formar Governo e dar posse. Segundo, os mais atentos e seguidores, é inédito no nosso país. É caso para dizer que: Quando somos obrigados, cumprimos; quando somos pressionados, fazemos; ou melhor, ainda, quando queremos, fazemos e cumprimos!.
Acho que devemos estar orgulhosos, não só pelo facto, mas também por alguém estar a cumprir, o que prometeu e muita “boa” gente duvidou. Mas, sem grande surpresa minha, ontem, logo que o Dr. Passos Coelho iniciou a reunião com o Sr. Presidente da República e começaram a ser conhecidos os nomes dos ministros, começaram as “vergonhas” dos meios de comunicação: Nas televisões, os jornalistas, com a pressa de serem os primeiros a dar a notícia, gaguejavam, enganavam-se, atrapalhavam-se, confundiam os ministros com as pastas e as pastas com os ministros!... Sinceramente, só uma hora depois, percebi, de facto, a formação governativa. Não percebo o porquê de tanta pressa?!... Aliás, percebo!... Mas, prefiro fingir que não percebo!...
Depois começaram os comentários e apreciações. Muita gente entendida se manifestou. Gostei de alguns. Pareceram-me sérios e isentos. Outros, mais valia terem ficado calados. Em minha opinião, criaram ou podem criar na opinião pública, estigmas em relação ao governo, que ainda nem posse tomou: Fulano e beltrano, foram uma segunda escolha!!!...No meu fraco conhecimento, “segunda escolha” é um produto com defeito. Então quer dizer que vamos ter ministros defeituosos?!... Haja paciência!. A aceitação de um cargo com tamanha responsabilidade tem de ser ponderada a vários níveis: Pessoal, profissional, familiar e até vocacional!. Para evitar “segundas escolhas”, como proceder em caso de recusa do primeiro convidado?!. Se calhar eliminava-se o ministério!... Mudava-se o nome!... Ou outra coisa qualquer!... E, assim nunca mais teríamos governo!... Felizmente, que os segundos convidados não se sentem diminuídos pelo facto, e o novo governo está constituído.
Como não bastassem as referências às segundas escolhas, pegaram nas idades dos ministros. É um governo muito jovem. O ministro mais velho tem 59 anos e o mais novo 37. É verdade!. Mas, também é verdade que estes jovens, na maioria, têm currículos invejáveis. Também é verdade que experiência profissional e conhecimento da situação do país, da comunidade, do FMI, do BCE e da crise em geral, não lhes falta!. E, isto não são valências positivas?!. Na situação em que o país se encontra, interessam mais os resultados técnico-práticos ou os resultados políticos?. Parece-me que o momento requer os primeiros.
Bem! Até à tomada de posse, enchemo-nos de paciência para ouvir mais comentários desajustados, tendenciosos e outros envoltos numa boa dose de dor de cotovelo.
Pela minha parte dou os parabéns aos Dr. Pedro Passos Coelho e Dr. Paulo Portas. Entenderam-se. Trabalharam em tempo record e bem. Eliminaram ministérios, reduzindo custos. Escolheram quatro independentes e distribuíram as pastas restantes pelos dois partidos: quatro para o PSD e três para o CDS-PP. Em termos relativos, o CDS-PP ficou a ganhar, ao contrário do que muitos já alvitravam!. E, isso foi bom. O partido mais votado, mostrou humildade e vontade de resolver problemas!. Agora é por a equipa a jogar. Utilizar a táctica 4 – 4 – 3, 4 – 3 – 4 ou 3 – 4 – 4 não interessa. É preciso é que a equipa se una, jogue bem e ganhe.
Parabéns Sr. Primeiro Ministro, parabéns Sr. Ministro da Defesa
Jcm-pq
A campanha eleitoral para a Presidência da República embora tenha decorrido dentro das linhas tradicionais e democráticas, na minha perspectiva e penso que geral, não trouxe nada de novo ao país. Há quem a denomine de “frustração nacional”.
Durante o mês e meio em que a campanha se desenvolveu, mais acentuadamente, do que vi e ouvi, não houve nada, que me agradasse, que me levasse a dizer ou pensar: “ora aqui está uma grande verdade; ora aqui está uma grande ideia; ora aqui está um belo plano; ora aqui está uma bela perspectiva; ora aqui está uma grande vontade”. A linguagem e meio foi comum em todos. Além do “bota abaixo” as promessas: “Se for eleito, todos os portugueses podem contar comigo, estarei sempre ao lado dos mais desprotegidos e atento à pobreza; estarei atento à saúde, à educação e à segurança; comigo presidente todos os portugueses serão defendidos em todas as circunstâncias … e por aí fora …!.
Mas, esta linguagem e forma foi a mesma de há cinco anos atrás!... Agora pergunto: Onde está a protecção prometida? A pobreza diminui, manteve-se ou aumentou? O estado da saúde, da educação e da segurança está melhor, igual ou pior?. Acho que todos sabemos a resposta!. Claro que a argumentação justificativa é abundante e recai sobretudo na crise mundial que atravessamos. Mas, quando é que não estivemos em crise? Alguém se lembra?. Desde que me preocupo com estas coisas, e já são muitos anos, sempre ouvi, nestas alturas, as célebres frases, de barbas brancas e apoiadas em bengalas: “Acabou o tempo das vacas gordas (que nunca engordaram ou engordaram para alguns); temos de fazer sacrifícios; O tempo é de crise …..”
Lamentavelmente, neste mês e meio assistimos a ataques pessoais, cruzados. A coberto do grande chapéu “esclarecer todos os portugueses” houve acusações e mais acusações. Valeu tudo: O Prof. Cavaco Silva comprou e vendeu acções e ganhou “bastante” dinheiro. Qual o problema?. Um Presidente não pode negociar na bolsa?. Não pode ganhar?. Tem de esperar para vender em situação de prejuízo? Fazer o contrário do que fez, seria estupidez para qualquer cidadão, quanto mais para um economista de craveira!.; o Dr. Manuel Alegre cobrou, ao BPP, cerca de 1.500,00 euros por um texto publicitário. Qual foi o crime? A vida dele não é escrever? Escreveu!. Escreveu bem!. O cliente gostou!. Cobrou o serviço!., ponto final. Não vejo que qualquer dos casos seja relevante para determinar a opção de voto. Já dos casos de compadrio e proteccionismos partidários (a existirem), não penso da mesma maneira!... . Enfim, foi um lavar de roupa. Não digo suja, porque, na minha perspectiva, alguma não necessitava de ser lavada.
Então e o estado do país? Que está mal, já todos sabemos!... Soluções?. Difíceis?.
É pouco dizer que temos de produzir mais. É, antes, fundamental dizer onde devemos produzir; identificar os sectores onde a curto prazo temos possibilidades de crescer; diagnosticar a nossa agricultura e indústria tradicionais, protege-las e dinamiza-las. Há tanto por onde podemos começar e parece que nenhum se lembrou!.... Não seriam estes, bons assuntos para desenvolver em campanha? Acho que muita gente iria gostar!...
Tenho respeito por todos os candidatos, particularmente pelo Prof. Cavaco que foi meu professor, e admiro a coragem de todos!... Mas, fiquei frustrado!... Esperava mais!... A situação em que nos encontramos assim o exigia!... Com pena minha, pressinto que amanhã muito boa gente não vai votar. Oxalá me engane!... Oxalá fosse eu o único frustrado!...
Não tenho conhecimentos de futebol que me permitam ajuizar correctamente sobre tácticas, técnicas e outras valências afins. Isto é, não sei discutir futebol!. Já tentei trocar impressões com entendidos, ou pelo menos assim parecem, e fiquei na mesma!. Têm sempre argumentação para defender o seu clube ou ídolo: O clube é o melhor de todos!. Quando perde, a culpa é dos árbitros; o ídolo é sempre o melhor jogador em campo! Se não marca é devido ao excesso de marcação do adversário, mas liberta outros!. Como não tenho contra argumentação para rebater, desisti!. Vejo os jogos que me agradam e comento com os meus botões!.
Este texto é uma excepção!. Fi-lo, porque, com mágoa minha, fomos, ontem, eliminados do mundial e fiquei com dois “ruídos” na cabeça que me fazem confusão:
Primeiro: A selecção é composta por um leque de bons jogadores. Quase todos jogam em grandes clubes europeus e há noticia de que são uma mais valia para esses clubes!. Marcam golos e assistem nas marcações!. Mas, pelo que me apercebi, as grandes figuras da selecção, neste mundial, foram o Eduardo, Fábio Coentrão, Raul Meireles, Tiago e Bruno Alves!. Claro que os outros também jogaram!. Senão, nem aos oitavos chegávamos!. Lembro o jogo com a Coreia do Norte!. Mas, na verdade não vi que brilhassem como brilham nos clubes onde jogam!!!.
Segundo: Temos na selecção o melhor jogador do mundo – O Cristiano Ronaldo. Jogou no Manchester e joga, actualmente, no Real Madrid: Em qualquer destes clubes marcou e marca, esplêndidos, golos; assistiu e assiste em, extraordinárias, marcações de colegas; é visível, quer em lances de bola parada, quer em movimentações rápidas. Mas, na selecção além da troca de galhardetes e do jogo com a Coreia, onde é que esteve o Cristiano Ronaldo do Manchester; O Cristiano Ronaldo do Real Madrid; ou melhor, onde esteve o melhor jogador do mundo???!!!.
Se neste momento, não tivesse estes “ruídos” na cabeça, provavelmente estaríamos na final!!!.
Jcm-pq
O S. João, um dos mais popularizados Santos, é festejado no Porto com toda a pompa e circunstância, mantendo a tradição que já vem de séculos. Segundo Hélder Pacheco, pesquisador das memórias populares tripeiras, o cronista Fernão Lopes já mencionava o S. João nas crónicas de D. João I.
Os festejos, de cariz popular, são preparados de forma discreta ao longo do dia. O início, propriamente dito, dá-se a seguir ao, tradicional, jantar de sardinhas assadas acompanhadas por boas saladas e vinho tinto ou verde. Terminado o jantar, os grupos de amigos reúnem-se nos locais, previamente, programados para darem início ás rusgas. O circuito tradicional, obrigatório, das rusgas é bastante longo: Fontainhas, Rua Alexandre Herculano, Praça da Batalha, Rua de Santa Catarina, Rua Formosa, Rua Sá da Bandeira, Rua Passos Manuel, Praça da Liberdade e Avenida dos Aliados. O percurso junta milhares de pessoas, munidas de martelinhos de plástico, que se movimentam agilmente, dando pancadinhas com o respectivo martelinho, nas cabeças daqueles com quem se cruzam. Antigamente, em vez dos martelinhos havia alhos porros e molhos de cidreira. Daí, o cheiro característico que se fazia sentir na cidade. Os bairros circunscritos na área das festas, organizam bailes que duram até altas horas da madrugada.
Nos dias de hoje, o S. João espalhou-se pela cidade e arredores. É festejado em discotecas, pubs e restaurantes. Tornou-se mais selectivo e cosmopolita. Perdeu um pouco a graça e a virtude de festa onde ricos e pobres conviviam uma noite de inteira fraternidade. As pancadinhas eram e são dadas indiscriminadamente sem olhar a status sociais e ninguém se zanga ou melindra. No entanto muita da tradição ainda se mantém: Os manjericos, as tendas das fogaças, as farturas, as barracas da sardinha assada; o lançamento de balões ao longo da noite e o fogo de artificio á meia noite.
A descrição fica muito aquém da realidade. Só ao vivo se pode apreciar tal beleza. É um festa sem igual no país. Quem puder deve assistir, nem que seja só uma vez, e garanto que não se vai arrepender!... Viva o São João.
Nota: Pesquisa diversa não identificada.
Jcm-pq
A fama, casamenteira, de Santo António já vem de longe. O facto ou os factos que originaram esta fama, acho que ninguém sabe. Contam-se muitas histórias e contos de como começou, mas não há certezas!...
Um conto que conheço, relativo á fama, até tem alguma piada!.. O gesto que podia ter provocado um acidente, deu em casamento!... Foi assim: Uma bonita jovem donzela, com idade casadoira, esperava há muito que um noivo a procurasse. Esperou!.. Esperou!... e nada. Já farta de tanto esperar, arranjou uma estatua de Santo António, o padroeiro da sua terra. Num canto do quarto, fez um altar onde expôs, num pequeno pedestal, o Santo. Acendeu uma lamparina, de azeite, que procurou manter acesa dia e noite. Todos dias, ao deitar, ajoelhava frente ao santo e orava para que lhe arranjasse um namorado!... Se não houver um mancebo novo, contento-me com um velhote, desde que não ande de muletas!... Rogava na sua oração!... Repetiu o ritual durante semanas, meses, anos … e nada aconteceu!.
Certa manhã, em vez de orar, lamentou a ingratidão do Santo. – Tanto azeite gasto!... Tanta oração!... Deves estar surdo!... Eu, que nem sou esquisita, não mereço que não me ouças!... – Desvairada, pegou no Santo e atirou-o pela janela, no momento em que sua mãe entrava no quarto, atraída pelas lamentações!... – Blasfemaste e cometeste um ultraje. Valha-te Santo António, filha!... – Repreendeu a mãe, benzendo-se.
Passava na rua, um jovem cavaleiro, bonito e alegre, que levou com a imagem do Santo na cabeça!... Se não fosse o capacete, teria sido derrubado do cavalo, provavelmente, com um valente “galo”. Com cortesia, desmontou, pegou na estátua, que por milagre ficou intacta, e subiu as escadas exteriores da casa para devolver a imagem. Quem abriu a porta, por notável coincidência, foi a donzela. Perante a beleza da rapariga, o jovem cavaleiro apaixonou-se e passado pouco tempo casaram. … Milagre de Santo António!...
Os jogos também fazem parte da fama .
Em tempos idos, por brincadeira, as raparigas em idade de casar e sem noivo, faziam dois jogos com Santo António. Ambos na véspera do dia do Santo:
Um consistia em encher um alguidar com água e meter dentro, enrolados, como sendo rifas, papelinhos com os nomes daqueles com quem gostariam de casar. Á noite colocavam o alguidar debaixo da cama. No dia seguinte o papel que estivesse mais desenrolado, revelava o nome daquele que iria ter como marido.
O outro, faziam três bolinhas de massa de pão, e introduziam numa delas um grão de pimenta. Uma bolinha punham debaixo do travesseiro; outra atrás da porta e a outra atiravam pela janela fora. No dia seguinte, viam onde estava a bolinha com o grão de pimenta. Se estivesse: debaixo do travesseiro, o casamento seria breve; detrás da porta, casariam tarde; se foi para rua, nunca casariam!...
Durante muito e muito tempo, os noivados de Santo António não passavam destes jogos ou preces para as mais crentes.
Entretanto as coisas mudaram. A comunicação social e o marketing, meteram-se no assunto e aproveitando a fama do Santo, deram-lhe uma notoriedade diferente.
Todos sabemos que o mês de Junho é o mês dos Santos Populares. Santo António, S. João e S. Pedro são os mais popularizados. Os festejos fazem-se por todo o lado. A magia do acontecimento, o cheiro a manjerico e alfazema, o fumo das fogueira e o cheiro a rosmaninho são a imagem de marca. O nosso país mantém a tradição!... e ainda bem!... espero que não morra!...
Por volta dos anos 50, o Diário Popular e os comerciantes Lisboetas, tomaram a iniciativa de patrocinar casamentos de casais com dificuldades económicas, que presenteavam com enxoval e equipamentos domésticos. O padrinho, comum a todos os casais, era Santo António e o dia escolhido para a cerimónia foi o dia do Santo. O 13 de Junho. E assim nasceram as Noivas de Santo António tal como as conhecemos hoje.
A acção teve tanta aceitação popular, que a Câmara Municipal de Lisboa, desde logo apoiou o projecto. A projecção foi tal, que o acontecimento se tornou incontornável e passou a fazer parte das festas populares da cidade.
A tradição foi interrompida em 1974. Mas, em 1997, unilateralmente, a Câmara recomeçou a patrocinar o projecto, integrando-o no programa das festas.
Nota: Pesquisa diversa não identificada.
Jcm-pq
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