TERNURA
Descia uma Avenida, em Lisboa, quando deparei com uma cena de certa forma invulgar, que não resisti à tentação de observar, e que vou descrever em breves linhas.
Então foi assim:
Descia a avenida, quando deparei à entrada de um prédio de habitação, com uma senhora bastante velhinha acompanhada por uma jovem, que depois verifiquei ser neta ou (bisneta). A senhora movimentava-se com muita dificuldade. Apoiava-se numa bengala e por sua vez a jovem auxiliava-a.
Até aqui nada de extraordinário, a não ser a minha curiosidade.
Parei, e disfarçadamente aproximei-me o mais que pude sem dar nas vistas. E ouvi:
- “Oh vó, vá lá. Está a ver como é fácil. Vá, vai dar o seu passeiozinho até à entrada
do Metro. Dizia que nunca mais vinha cá abaixo, vê que veio. Há-de vir mais
vezes, que eu trago-a cá. Vamos por aqui. Ali está molhado. .................................
..............................................................................................”
Ao som destas palavras, ditas com uma doçura e meiguice indiscritível, a senhora não dizia nada. Com algum custo sorria.
Aproximei-me, ofereci ajuda, que a jovem dispensou, e disse:
- Minha senhora, como se deve sentir bem com uma neta tão querida”
Nem sei se estas palavras foram as mais adequadas!!!.
A jovem agradeceu, com um obrigado. A senhora olhou-me sem dizer nada. Mas os olhos dela brilharam e disseram tudo!.
Disse adeus e continuei avenida abaixo.
Hoje, diz-se frequentemente: “ A juventude é cruel, é materialista, não tem sentimentos, é egoísta. etc...”
Ver um quadro como o que descrevi, é a prova de que não se podem generalizar determinadas afirmações.
Como foi bom ver naquela jovem, (vou chamar-lhe Bela, como bela era a acção que estava a praticar), tanta ternura, carinho e AMOR. Sou um privilegiado.
Quem dera que houvesse muitas e muitas destas Belas pelo mundo fora.
Jcm-pq
. Ternura