Quarta-feira, 8 de Outubro de 2014

Não há fumo sem fogo!

 

Somos um país pequeno, mas grande em manobras politicas, sociais, financeiras e outras mais. Se somássemos todos os casos com indícios de corrupção e vigarice, talvez não havesse um dia em que isto não acontecesse. Aos jornais só chegam, ou só interessa que cheguem os de maior vulto e que envolvam figuras públicas conhecidas. Vejamos: BPN, Freeport, Apito Dourado, Face Oculta, … BES e agora a Tecnoforma/CPPC. Há por aí, certamente, casos mais pequenos que não são descobertos, ou mesmo que o sejam não são noticiados. O que me leva a escrever este artigo é o último caso. Não que esteja surpreendido!. Ficaria surpreendido é se não surgisse nada deste género, em relação a este Primeiro Ministro. Parece-me que nenhum, antes, escapou a criticas e acusações idênticas.

Em todos os casos anteriores (BPN, Freeport, BES …) fez-me confusão os órgãos fiscalizadores, nunca terem dado por nada!. No caso BES, ainda pior, porque, parece que nem a Troika “cheirou” nenhuma irregularidade. Incompetência, prepotência, desleixo ou interesses dúbios? . Se calhar um pouco de tudo!. À medida que os casos vão sendo arrumados ou arquivados, tento auto-convencer-me de que as coisas aconteceram, devido à dimensão das entidades, o que dificulta a fiscalização pormenorizada e cruzada. Não que isto justifique seja o que for!. Mas, ameniza-me o espírito!. Com a Tecnoforma e a CPPC é diferente. Acho que a sua dimensão permite ou permitia uma fiscalização e controlo correctos. Certamente estas empresas têm um Conselho Fiscal, um ROC (Revisor Oficial de Contas) e provavelmente Auditoria Externa, devido à existência de fundos europeus. Nenhuma destas entidades fiscalizadoras, questionou a exclusividade do Dr. Passos Coelho? Uma das obrigações destes órgãos é exactamente essa quando há a possibilidade de incompatibilidade funções de funcionários e ou dirigentes. A própria Assembleia da República não devia, também, estar atenta? E, porque que é que isto só veio a público agora? Já lá vão, quase 15 anos!. Acredito que se o visado não fosse Primeiro Ministro, nunca se saberia!. E, a gravidade era a mesma!. Só pode haver um interesse e adivinha-se qual é!. Eleições de 2015!.

Agora, até ao desfecho, que já se prevê ser igual aos outros, assistimos ao jogo de ping-pong. O Sr. Primeiro Ministro diz, tardiamente e pouco convincente, que não recebeu nada ilegal. Diz, ainda, que isto se deve ao incomodo que causou por ter mudado a forma de fazer política e que, devido a isto, um “mensageiro” lhe disse, que o seu governo não ia durar muito. Bem!. A denuncia foi anónima e parece que o “mensageiro” anónimo é. Não será anonimato a mais?!. A oposição, em bloco, ataca e contra-ataca. Confusão e mais confusão!. Mais: Porque que é que o Dr. Passos Coelho não deixa verificar as suas contas bancárias?. Era uma forma de limpar o seu bom nome e o cargo que desempenha. Não lhe ficava nada mal!. Quem não deve não teme, lá diz o ditado! Porque que é que não se faz uma Auditoria aprofundada às contas da Tecnoforma e da CPPC? Acho que a existência de um “saco azul” era justificação mais que suficiente!. Lembro o “saco azul” de Felgueiras de há uns anos atrás! Era bom, para bem do Dr. Passos Coelho e de todos os políticos com aspirações futuras, que fosse dada plena abertura e transparência à investigação e que o caso ficasse devidamente esclarecido, independentemente do resultado!.

Bem!. Seja verdade ou mentira, a dúvida já ninguém a consegue apagar!. Diz o velho ditado “onde há fumo é porque lá houve lume”. E, isto quer queiram ou não, traz consequências políticas!. Acho, que é suficiente para decidir votos nas próximas eleições. No mínimo, ajuda indecisos a decidirem-se!...

 

Jcm-pq

publicado por jcm-pq às 19:27
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Quinta-feira, 4 de Abril de 2013

A agonia Cipriota

A “bomba” que rebentou com o plano de resgate a Chipre, apresentado pela União Europeia (EU), provocou duas ondas de choque diferente e em momentos diferentes. Primeiro foi a surpresa e a dúvida. Houve quem pensasse que era uma brincadeira de mau gosto!. Não se brinca com coisas sérias, ouvi dizer!. Mas foi sol de pouca dura!. Quando se verificou que não era brincadeira nenhuma e que era mesmo a sério, veio a segunda onda. Instalou-se a revolta, a desconfiança e o receio no futuro. Nesta vaga toda a gente, cada um à sua maneira, deitou contas à vida! Os mais esclarecidos e atentos à política, viram de imediato a “argolada” cometida pelos responsáveis da UE. O aparato noticioso que se desencadeou é do conhecimento geral. Não vou repetir, títulos e parangonas noticiosas que toda a gente leu e/ou ouviu. Os outros, os desatentos da política, pensaram de imediato nas suas pequenas poupanças!. Poupanças essas guardadas no banco para fazer face a eventuais necessidades imprevistas; Poupanças essas provenientes de rendimentos do trabalho já liquidas de uma série de impostos a que estiveram sujeitas. Muita gente, por essa Europa fora, naturalmente ficou aflita. O tempo foi passando e as noticias continuaram!. Finalmente uma boa noticia, chegou: “Parlamento cipriota chumbou controversa taxa sobre depósitos”. Nenhum voto a favor, 36 contra e 19 abstenções! Bem feito!. Embora os credores, se sintam no “direito” de exigir a seu belo prazer, é bom que, independentemente das consequências, haja alguém que lhes bata o pé, em defesa da integridade própria!. Há limites para tudo!.

Com as reacções geradas na União Europeia e até no mundo, houve logo quem se demarcasse de tal posição e quem se apressasse a dizer que tal medida nunca seria aplicada nos restantes países da União. Era, portanto, uma medida específica para o Chipre!... O porquê, não se sabe!. Embora tenha ouvido “zum , zum´s” de que era para penalizar a “lavagem de dinheiro”. Fico na dúvida!. Acho que não é forma de penalizar um crime!

Bom! E agora? Perante isto, podemos ficar sossegados? Para já, eu digo não muito, embora o sr. Ministro das Finanças tenha dito que em Portugal, “está fora de questão”!. Digo isto, porque temos assistido a determinadas afirmações de “nunca, não, temporário” e depois verifica-se exactamente o contrário: O “nunca” inverte-se, o não passa a sim e o temporário passa a definitivo. O ficarmos sossegados, a meu ver, depende da solução que for dada ao Chipre! Neste momento, com base no que aparece na imprensa, deduzo que muitos dados estão em cima da mesa. Dois deles muito importantes: A Rússia e a Igreja Ortodoxa do Chipre. Ficou-me uma afirmação do arcebispo da igreja Ortodoxa: “Toda a riqueza da Igreja está à disposição do Chipre para que possamos levantar-nos sozinhos e não com a ajuda de estrangeiros ”. Será isto possível? Sem ajuda externa duvido, mas sem ajuda da UE é possível!. Depende do acordo que se estabelecer com a Rússia. E, obviamente a dimensão do acordo vai depender dos interesses que a Rússia possa ter no Chipre e na UE. Muitos cenários se podem configurar: Por exemplo, supomos que a Rússia teria interesse em abrir uma brecha na UE. Bastava apoiar o Chipre na integra ou conjuntamente com a Igreja Ortodoxa e exigir que o Chipre rompesse com a UE!... Pelo que se ouve é pouco provável que aconteça!. Mas, às vezes há surpresas!. A meu ver,  se a solução encontrada eliminar de vez a tal taxa, podemos sossegar, se não, nem nós nem os outros países sobre resgate. Se o Chipre aguentar!….   ….  …. Fico-me por aqui!... A ver vamos!...

 

                                                       

                                                          Artigo presente no Jornal Povo da Beira – Edição 995

publicado por jcm-pq às 14:28
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Quinta-feira, 21 de Março de 2013

Os erros e as consequências

Desde que chegaram os técnicos da troika, para a 7ª avaliação, as noticias não têm sido as melhores. Algumas eram puras especulações, uma vez que ainda não eram conhecidos os resultados da avaliação. Mas, especulativas ou não, não estavam longe da realidade!. Os trabalhos de avaliação terminaram, os técnicos partiram e os responsáveis de cá, ficaram calados!. O silêncio do governo, mais propriamente do sr. Ministro das Finanças foi mau agoiro. As noticias não eram boas e tinham de ser “tratadas”!. Finalmente na Sexta Feira o sr Ministro Vitor Gaspar decidiu apresentar aos portugueses os resultados da famigerada avaliação. E, de facto o que se pressentia, aconteceu!. Para mim foi pior do que previ. Após o anúncio, a comunicação social apoiada pelos seus analistas políticos e económicos encheram o país de informação. Em todo o dia não houve noticiário que não falasse no assunto. Resultado: Os portugueses estão apreensivos, desmotivados, assustados e sem esperança no futuro!. Há quem diga que isto tarde ou nunca se endireita!. Que vai ser tarde, acredito. Nunca, é forte de mais!.

De facto fazendo uma, ligeira, ronda mental aos últimos dois anos e comparando com a situação de agora, a perspectiva futura é assustadora. Todos temos bem presentes as medidas de austeridade que nos foram impostas em  2011 e 2012. Subiram os impostos que atingiram directamente as pessoas (IVA e IRS), tiraram parte dos subsídios de férias e de Natal e decidiram reavaliar os bens imóveis com vista ao aumento do IMI. Isto doeu e as marcas são bem visíveis! Entretanto, o governo, tentava “sossegar” as pessoas com previsões de que em  finais de 2012 se iria notar a mudança; que a compensar os sacrifícios teríamos crescimento económico; que o ano de 2013 era o da viragem e por aí fora!... Promessas e mais promessas!... Com desespero e sacrifício, cá aguentamos como disse o dr. Ulrich!. Entramos em 2013 e levamos em cima com a noticia de que afinal, falhou tudo! Na Sexta Feira tomamos conhecimento do descalabro em que o país se encontra e para onde caminha! A recessão em vez de 1% vai ser de 2,3%. Mais que o dobro do previsto. O PIB a descer e o desemprego a caminhar a passos largos para os 19%. Em cada cinco portugueses, um está desempregado! É obra!... Em plena catástrofe, chegam à brilhante conclusão de que o desenho do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal,  foi mal feito!. Isto quer dizer que os “artistas” dos modelo ou  modelos econométricos têm estado a trabalhar mal!. Tomar consciência disso, já não é mau!. Mas, mau a caminhar para o péssimo, é estes desenhadores lá continuarem!. Se desenharam mal, vão continuar a desenhar mal!. Penso eu!. E, a manter-se assim , o futuro será cada vez mais negro e agonizante!.

A reacção das entidades com responsabilidade política, económica e social foi no mesmo sentido. Os partidos na oposição, as organizações sindicais e patronais exigem/sugerem a demissão do sr. Ministro das Finanças e até do governo. O sr. Presidente da República mostra preocupação não só pelo país, mas também pela Europa. A falta de confiança no governo é geral. Errar é humano!. Mas, errar, errar, errar … errar sempre deixa de ser humano!. Parece que para estes senhores, um erro atrás do outro, é só mais um!. Por isso se mantêm tão agarrados ao poder!

Bem!. No meio disto tudo, parece que só a troika ficou satisfeita com os resultados da avaliação!. Cada um por si, pense e conclua!. Os portugueses são o melhor povo do mundo, mas não são estúpidos!...                                                   

 

                                                                                                                    Artigo presente no Jornal Povo da Beira – Edição 993

publicado por jcm-pq às 14:47
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Segunda-feira, 22 de Agosto de 2011

Termas de Monfortinho/Monfortinho /Hotel Astoria / Hotel Fonte Santa

 

 

Não pretendo com este título fazer qualquer tipo de publicidade às entidades visadas. As referências na Internet são boas e foi através delas que lá cheguei. Quero, somente, espevitar a curiosidade das pessoas, como forma de estímulo a lerem o texto onde descrevo uma situação, que se passou comigo na vila de Monfortinho e que classifico de “insólita”,

 

Então foi assim:

 

Não conhecia esta região e decidi escolher um sítio para fazer de base por três ou quatro dias, fazer umas saídas pelas redondezas e ficar a conhecê-la com algum pormenor. Escolhi Monfortinho que me pareceu adequado e retirei, da internet, referências dos hotéis Astoria e Fonte Santa.

Num dia, bonito, de Julho, pelas 11H30, entrei na vila e sem sair do carro dei uma volta de reconhecimento. Agradou-me o ambiente: Limpo, verdejante, pouca gente e transito quase nulo. À primeira vista, o local era bom para o que pretendia. De seguida procurei os hotéis. A meio de uma rua larga, com duas faixas de rodagem, vislumbrei ao fundo, estampado num muro “Fonte Santa” e disse para minha mulher – Olha o Hotel Fonte Santa é além ao fundo e o Astoria, pelo que vi na internet, não fica longe. Continuei devagar, tentando descobrir a entrada do Fonte e Santa e ao mesmo tempo indicação do Astoria. A entrada do Fonte Santa não era ali. No topo da rua, voltei para a outra facha, para voltar imediatamente à direita, para onde me pareceu que seria o Astoria, e não me tinha enganado, o caminho era o correcto. Qual foi o meu espanto, que saído não sei de onde, me apareceu à frente um GNR a fazer sinal para encostar. Encostei. Depois da continência, obrigatória, pediu-me os documentos da viatura. Enquanto procurei os documentos, o guarda deu uma volta pela frente do carro, em jeito de verificação – Até pensei que tivesse alguma informação que tornasse a viatura suspeita de qualquer coisa que se tivesse passado – Mas, felizmente não. Então após a verificação do certificado de seguro, é que o guarda me disse que na avenida não tinha cumprido correctamente as regras de trânsito quando inverti a marcha no fundo da rua. De facto com a preocupação na procura dos hotéis e sem movimento nenhum (só circulava a minha viatura) não dediquei grande atenção à manobra. Em suma, circulava à vontade!... Acho, tendo em atenção que não houve nenhum perigo à vista, que uma chamada de atenção era pertinente, suficiente, razoável e sensata!. Mas o resultado foi outro. Fui autuado em 60 euros (soube o valor, mais tarde, quando recebi a notificação). Perante isto, se 10 minutos antes tinha decidido ficar por ali, no minuto seguinte ao acontecido, decidi já nem almoçar na vila. Em frente ao Astoria fiz a inversão de marcha e rapidamente cheguei à saída da vila. Rumei para Idanha-a-Nova, onde fiz o que tinha pensado fazer em Monfortinho.

Quando disse que considerei a situação “insólita”, não foi pelo facto de ter sido autuado!. Infringi as regras, paguei por isso, ponto final. Os 60 euros não me fazem falta nem me deixam incomodado. (Incomodado, ficaria, se com a minha distracção tivesse criado perigo para alguém). Só, que à trinta e nove anos que tenho carta de condução. Conduzo habitualmente em Lisboa no Porto e por todo o país. Tenho conduzido em Madrid, Barcelona, Valência, Alicante, S. Sebastião, Bilbau e outras zonas de Espanha. Também em França, já fiz bastantes quilómetros: Bordéus, Nantes, Paris Toulouse, etc…Nunca tive o mínimo problema e nunca fui autuado a circular por todos estes sítios em que a intensidade de transito e populacional é elevadíssima e fui-o num sítio em que a única viatura a circular era a minha e no momento estávamos ali três pessoas: eu, a minha mulher e o guarda!. É “insólito” ou não?!!!.

Ao descrever esta situação, não pretendo nada de especial. Faço-o por dois motivos: Primeiro, partilhar a “experiência” com os meus amigos e leitores habituais dos blog´s. Segundo, alertá-los para terem cuidado, quando circulem em sítios calmos, porque “boas vindas” como estas não são nada agradáveis!...   

publicado por jcm-pq às 12:37
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Quinta-feira, 21 de Julho de 2011

Agora ao trabalho

Pronto!. Face aos objectivos e compromissos assumidos, o governo planeou, apresentou o plano para discussão, e, com alguns ajustamentos foi aprovado pela maioria, e, ao contrário do que se temia, sem moções de rejeição. Agora, ao trabalho!...

 

Agora ao trabalho e que cada um se coloque no devido lugar e assuma, conscienciosamente, as suas responsabilidades e deveres. Acho que ninguém tem dúvidas de que a situação não está para brincar às políticas, aos poderes ou ao “bota abaixo”. As forças políticas que apresentaram alternativas, lógicas, aos pontos de que discordavam, devem mantê-las em aberto e o governo não as deve esquecer. Nesta conjuntura, podem ser de aplicação difícil ou impossível, mas no futuro pode muito bem, não ser assim. Recordo-me da proposta do PCP em relação à renegociação da divida. Sem dúvida que, neste momento, era óptimo para o país. Mas, tenta-lo agora!? A meu ver era perder tempo e criar desconfianças!. Se calhar no futuro, até pode ser possível, se conseguirmos a  confiança dos nossos credores, nos tornemos um mercado apetecível e recuperarmos poder negocial!.

Não foram novidade as medidas de austeridade apresentadas. Já esperávamos por elas!... Quem deve!..., tem de pagar!... O orgulho e seriedade, assim o exigem. Para já, rezemos para que sejam suficientes as medidas, de choque que vão ser aplicadas!.

A medida mais criticada e badalada foi a do corte no Subsídio de Natal. Claro que um corte no rendimento quando o custo de vida sobe, custa aceitar de boa cara!... Mas, tendo em conta as isenções consideradas, acho que para o nosso bom nome, vale o sacrifício!. A aplicação a rendimentos superiores ao ordenado mínimo é justa. Proteger os mais desfavorecidos é uma questão de justiça e obrigação social. Penso, que em termos de isenção, ainda se podia ir mais longe: Isentar rendimentos equivalentes a dois ordenados mínimos, permitia, a meu ver, que as famílias fizessem no Natal, exactamente os mesmo que fariam sem corte. Digo isto, porque, assim, os rendimentos abrangidos, suportavam, sem alterar, o nível de vida de quem os aufere (um corte de 100 euros num ordenado de 800, produz um efeito diferente do que 1.000 num ordenado de 3.000).

Sei que vai haver contestação dos mais variados agentes económicos. Cada um à sua maneira vão levantar a voz. Vozes essas que não levam a nada!. Podem até prejudicar (ex. greves). Acho que em vez de contestação, todos os agentes económicos, sem excepção, devem é pensar na maneira de combater estas medidas, com outras medidas que vençam estas. Para isso, só vejo três formas: Produzir o máximo, exportar mais e importar menos. A nós, cidadãos, cabe trabalhar, colaborar e facilitar a aplicação das medidas. Ao governo, mais propriamente, aos Ministérios das Finanças, Economia,  Agricultura, justiça e Negócios Estrangeiros criar mecanismos que permitam: Controlar e gerir as medidas de choque de modo a torná-las suficientes, relançar a agricultura e a industria apoiando as pequenas e médias empresas na produção de bens transaccionáveis, combater os “lobbies” e corrupção que tanto mal fazem à economia e procurar novos mercados externos desenvolvendo as exportações.

Com os devidos ajustamentos, penso que o caminho terá que ser este!... A ver vamos!...

publicado por jcm-pq às 09:29
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Quarta-feira, 22 de Junho de 2011

Novo Governo em Funções

O novo governo tomou posse. Ontem, tal como tinha sido determinado pelo Sr. Presidente da República, foi feito o juramento. À excepção do alarido, desnecessário, feito pelos jornalistas, em relação à chegada, de lambreta, do Dr. Pedro Mota Soares, tudo correu dentro da normalidade.

Ao contrário do que esperava, como manifestei no texto anterior, desde que foi conhecido o elenco governativo, até ontem, não dei por comentários absurdos, despropositados ou tendenciosos. Antes pelo contrário, comentários bastante abonatórios, dados por gente de nome na praça. Até o Dr. Medina Carreira, já conhecido pelo seu pessimismo, teceu rasgados elogios e manifestou a sua confiança. De facto, há muita gente confiante nesta equipa. Acho que estamos todos. Espero que a oposição, cumpra, exactamente ,o que tem estado a prometer: colaboração, cooperação, critica construtiva, apresentação de alternativas, etc…Em suma, que participe na governação com sinceridade e vontade de salvar o país! Todos sabemos que a tarefa não vai ser fácil e provavelmente vão aparecer algumas surpresas. Mas, acho que todos vamos compreender, se forem apresentadas com rigor, verdade e em tempo útil!. Aliás, há a promessa do sr. Primeiro Ministro que assim será.

Também, ontem, depois do fracasso de Segunda Feira, decorreu a eleição da Presidência da Assembleia. Correu bem. Houve unanimidade. E, isso é bom. Não teria havido tanto alarido à volta do caso se o Dr. Fernando Nobre, tivesse retirado a candidatura em tempo útil. Não teria havido o chumbo e teria saído por cima!.

A manifestação de todos os partidos em relação à eleição da Dra. Assunção Esteves foi muito boa. Não digo óptima, porque houve duas “farpasinhas”, vindas do PS e dos Verdes, a meu ver desnecessárias. Os Verdes referiram  o termo “segunda escolha”, que eu detesto quando se elegem pessoas para cargos de responsabilidade. O PS fez questão de afirmar que esta teria sido a sua primeira candidata. Acho que tanto uma observação como outra foram gratuitas!... E digo gratuitas, porque se o processo do Dr. Fernando Nobre tivesse sido tratado de outra forma, ele teria sido eleito. Se, na altura o Dr. Passos Coelho tivesse ficado pelo convite para deputado, os outros partidos entendiam como uma tentativa de ganhar eleitorado; como falou logo no cargo de Presidente da Assembleia, caiu mal!. E, como se isto não bastasse, ainda houve as declarações do próprio Dr. Fernando Nobre, que mais tarde tentou aligeirar sem qualquer resultado positivo!...

 

Bem!. O que se passou , passou!. Já estão todos nomeados e instalados, agora que governem bem e não nos desiludam!.

Desejo a todos um bom começo.

 

Jcm-pq

publicado por jcm-pq às 11:42
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Sábado, 18 de Junho de 2011

O Novo Governo

Não sou político, não tenho filiação política e também não sou comentador de qualquer espécie, mas atrevo-me a comentar alguns procedimentos de ontem relativos à publicação do novo elenco governativo para os próximos 4 anos.

 

Dia 5, eleições; dia 23 tomada de posse do novo governo. Dezoito dias chegaram para votar, contar votos, eleger deputados, estabelecer coligações partidárias, indigitar Primeiro Ministro, formar Governo e dar posse. Segundo, os mais atentos e seguidores, é inédito no nosso país. É caso para dizer que: Quando somos obrigados, cumprimos; quando somos pressionados, fazemos; ou melhor, ainda, quando queremos, fazemos e cumprimos!.

Acho que devemos estar orgulhosos, não só pelo facto, mas também por alguém estar a cumprir, o que prometeu e muita “boa” gente duvidou. Mas, sem grande surpresa minha, ontem, logo que o Dr. Passos Coelho iniciou a reunião com o Sr. Presidente da República e começaram a ser conhecidos os nomes dos ministros, começaram as “vergonhas” dos meios de comunicação: Nas televisões, os jornalistas, com a pressa de serem os primeiros a dar a notícia, gaguejavam, enganavam-se, atrapalhavam-se, confundiam os ministros com as pastas e as pastas com os ministros!... Sinceramente, só uma hora depois, percebi, de facto, a formação governativa. Não percebo o porquê de tanta pressa?!... Aliás, percebo!... Mas, prefiro fingir que não percebo!...

Depois começaram os comentários e apreciações. Muita gente entendida se manifestou. Gostei de alguns. Pareceram-me sérios e isentos. Outros, mais valia terem ficado calados. Em minha opinião, criaram ou podem criar na opinião pública, estigmas em relação ao governo, que ainda nem posse tomou: Fulano e beltrano, foram uma segunda escolha!!!...No meu fraco conhecimento, “segunda escolha” é um produto com defeito. Então quer dizer que vamos ter ministros defeituosos?!... Haja paciência!. A aceitação de um cargo com tamanha responsabilidade tem de ser ponderada a vários níveis: Pessoal, profissional, familiar e até vocacional!. Para evitar “segundas escolhas”, como proceder em caso de recusa do primeiro convidado?!. Se calhar eliminava-se o ministério!... Mudava-se o nome!... Ou outra coisa qualquer!... E, assim nunca mais teríamos governo!... Felizmente, que os segundos convidados não se sentem diminuídos pelo facto, e o novo governo está constituído.

Como não bastassem as referências às segundas escolhas, pegaram nas idades dos ministros. É um governo muito jovem. O ministro mais velho tem 59 anos e o mais novo 37. É verdade!. Mas, também é verdade que estes jovens, na maioria, têm currículos invejáveis. Também é verdade que experiência profissional e conhecimento da situação do país, da comunidade, do FMI, do BCE e da crise em geral, não lhes falta!. E, isto não são valências positivas?!. Na situação em que o país se encontra, interessam mais os resultados técnico-práticos ou os resultados políticos?. Parece-me que o momento requer os primeiros.

Bem! Até à tomada de posse, enchemo-nos de paciência para ouvir mais comentários desajustados, tendenciosos e outros envoltos numa boa dose de dor de cotovelo.

Pela minha parte dou os parabéns aos Dr. Pedro Passos Coelho e Dr. Paulo Portas. Entenderam-se. Trabalharam em tempo record e bem. Eliminaram ministérios, reduzindo custos. Escolheram quatro independentes e distribuíram as pastas restantes pelos dois partidos: quatro para o PSD e três para o CDS-PP. Em termos relativos, o CDS-PP ficou a ganhar, ao contrário do que muitos já alvitravam!. E, isso foi bom. O partido mais votado, mostrou humildade e vontade de resolver problemas!. Agora é por a equipa a jogar. Utilizar a táctica 4 – 4 – 3, 4 – 3 – 4 ou 3 – 4 – 4 não interessa. É preciso é que a equipa se una, jogue bem e ganhe.

Parabéns Sr. Primeiro Ministro, parabéns Sr. Ministro da Defesa

 

Jcm-pq

publicado por jcm-pq às 16:51
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Quinta-feira, 10 de Março de 2011

Preocupação

Por natureza, sou uma pessoa, constantemente, preocupada. É doentia, esta preocupação constante! Preocupo-me com tudo. Até, com o que não sei! Preocupo-me saber que não sei! Será isto normal? A preocupação com algo real e significativo é louvável, salutar e indicador de responsabilidade; mas com o resto, é perda de tempo! É, parvoíce, para ser mais correcto. E, se calhar, parvo é o que realmente sou, sem saber! Ou admiti-lo! Se calhar não me preocupo com o que devia. Saber porque é que ando preocupado, devia ser a minha preocupação numero um, e não é. Sinceramente, tenho dias, que se me perguntassem, o motivo da minha preocupação, não saberia responder!!! Acho que já alguém endoideceu por menos. Espero, que comigo isso não aconteça. Aceitar que sou assim, ainda denota alguma sanidade mental. Portanto ainda não estou em zona de perigo!.

Bem! Mas se calhar a culpa não é minha! Ou pelo menos não sou o único responsável! O que leio, o que ouço e o que vejo são o móbil.

Começo pela Televisão. Os noticiários na ânsia de captarem a atenção dos espectadores, disparam noticias alarmantes, sabendo de antemão o impacto que causam. As telenovelas e programas de entretenimento, na sua maioria, têm um forte objectivo comercial, em vez de educativo ou informativo. Salvam-se algumas reportagens e documentários! E cá estou eu preocupado, que pelo facto de serem tão poucos, qualquer dia são eliminados, por não ser rentável produzi-los.

Passo para os jornais e revistas. Diários e semanais há que chegue. Informação em quantidade não falta, mas em qualidade, do meu ponto de vista, não é bem assim! Há revistas que pelo seu conteúdo coscuvilheiro, erótico, pornográfico ou sensacionalista, aparentemente, deviam ter pouca procura. É exactamente o contrário, são as que mais vendem! E, cá estou eu preocupado, não com as revistas, mas com as pessoas – que nem conheço – que as procuram. – Pergunto: Que sociedade querem estas pessoas? Em que mundo vivem?. O jornal “Correio da Manhã” não faz parte dos meus hábitos de leitura. Há dias no barbeiro, enquanto esperava a minha vez, li em diagonal! Surpreendente!. Quatro páginas eram só criminalidade. Pensei que fosse casualidade!. No dia seguinte, devido a um livro que saiu com a sua publicação, comprei-o. Surprise!... Mais quatro páginas alusivas ao mesmo. Os títulos impressionam: “oito militares na lista de suspeitos”, “burlona em pânico”, “falso veterinário afinal era caloiro da faculdade”, “caso dos médicos burlados”, “falsos clientes ameaçam e roubam taxista”, “mulher amarrada, agredida e sequestrada em casa”, “apreendidos 65 quilos de alucinógenicos”, “dono de café esfaqueado oito vezes por assaltante”, “Portugal nas principais rotas da cocaína”, “ladrões chocam de moto com a GNR”, “gang de leste usa crianças para furto no multibanco” . Fiquei com os cabelos em pé!... E, já na falo nas cinco páginas do denominado “Convívio”!... Acredito que tudo isto é noticiado com verdade. E, então aqui as preocupações já têm fundamento!. Não consigo ficar indiferente perante a existência de violência, mentira, burla, etc…

São assim as minhas preocupações e as suas causas!. Até parece que o mundo está a ficar do avesso! Não é necessário mudar a vida de pernas para o ar, como canta Ricardo Azevedo, porque o mundo já está!

Assim termino!.... Sou um preocupado inveterado!. Crónico, para ser mais preciso!... Dificilmente encontrarei cura!....

 

Jcm-pq

publicado por jcm-pq às 19:29
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Sábado, 22 de Janeiro de 2011

Campamha Eleitoral - Frustração Nacional?

A campanha eleitoral para a Presidência da República  embora tenha decorrido dentro das linhas tradicionais e democráticas, na minha perspectiva e penso que geral, não trouxe nada de novo ao país. Há quem a denomine de “frustração nacional”.

Durante o mês e meio em que a campanha se desenvolveu, mais acentuadamente, do que vi e ouvi, não houve nada, que me agradasse, que me levasse a dizer ou pensar: “ora aqui está uma grande verdade; ora aqui está uma grande ideia; ora aqui está um belo plano; ora aqui está uma bela perspectiva; ora aqui está uma grande vontade”. A linguagem e meio foi comum em todos. Além do “bota abaixo” as promessas: “Se for eleito, todos os portugueses podem contar comigo, estarei sempre ao lado dos mais desprotegidos e atento à pobreza; estarei atento à saúde, à educação e à segurança; comigo presidente todos os portugueses serão defendidos em todas as circunstâncias … e por aí fora …!.

Mas, esta linguagem e forma foi a mesma de há cinco anos atrás!... Agora pergunto: Onde está a protecção prometida? A pobreza diminui, manteve-se ou aumentou? O estado da saúde, da educação e da segurança está melhor, igual ou pior?. Acho que todos sabemos a resposta!. Claro que a argumentação justificativa é abundante e recai sobretudo na crise mundial que atravessamos. Mas, quando é que não estivemos em crise? Alguém se lembra?. Desde que me preocupo com estas coisas, e já são muitos anos, sempre ouvi, nestas alturas, as célebres frases, de barbas brancas e apoiadas em bengalas: “Acabou o tempo das vacas gordas (que nunca engordaram ou engordaram para alguns); temos de fazer sacrifícios; O tempo é de crise …..”

Lamentavelmente, neste mês e meio assistimos a ataques pessoais, cruzados. A coberto do grande chapéu “esclarecer todos os portugueses” houve acusações e mais acusações. Valeu tudo: O Prof. Cavaco Silva comprou e vendeu acções e ganhou “bastante” dinheiro. Qual o problema?. Um Presidente não pode negociar na bolsa?. Não pode ganhar?. Tem de esperar para vender em situação de prejuízo? Fazer o contrário do que fez, seria estupidez para qualquer cidadão, quanto mais para um economista de craveira!.; o Dr. Manuel Alegre cobrou, ao BPP, cerca de 1.500,00 euros por um texto publicitário. Qual foi o crime? A vida dele não é escrever? Escreveu!. Escreveu bem!. O cliente gostou!. Cobrou o serviço!., ponto final. Não vejo que qualquer dos casos seja relevante para determinar a opção de voto. Já dos casos de compadrio e proteccionismos partidários (a existirem), não penso da mesma maneira!... . Enfim, foi um lavar de roupa. Não digo suja, porque, na minha perspectiva, alguma não necessitava de ser lavada.

Então e o estado do país? Que está mal, já todos sabemos!... Soluções?. Difíceis?.

É pouco dizer que temos de produzir mais. É, antes, fundamental dizer onde devemos produzir; identificar os sectores onde a curto prazo temos possibilidades de crescer; diagnosticar a nossa agricultura e  indústria tradicionais, protege-las e dinamiza-las. Há tanto por onde podemos começar e parece que nenhum se lembrou!.... Não seriam estes, bons assuntos para desenvolver em campanha? Acho que muita gente iria gostar!...

Tenho respeito por todos os candidatos, particularmente pelo Prof. Cavaco que foi meu professor, e admiro a coragem de todos!... Mas, fiquei frustrado!... Esperava mais!... A situação em que nos encontramos assim o exigia!... Com pena minha, pressinto que amanhã muito boa gente não vai votar. Oxalá me engane!... Oxalá fosse eu o único frustrado!...

publicado por jcm-pq às 15:40
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Terça-feira, 2 de Novembro de 2010

Nasceu sem nada e morreu sem nada

 

Nasceu sem nada e morreu sem nada

 

António Monteiro, foi o segundo filho de um casal que vivia da caridade. O irmão, João, tinha mais dois anos que ele. A casa onde viviam, era um palheiro emprestado, térreo de espaço aberto e de telha vã, muito quente no Verão e muito frio no Inverno. Uma lareira, sem chaminé, num canto, aquecia o ambiente. As camas, enxergas, em cima de uma tarimba, estavam prostradas perto da lareira. Era um lar que tinha pouco mais que zero. Os pais que nunca se preocuparam em arranjar trabalho viviam de esmolas. Saíam de manhã, com saco ás costas e de porta em porta, na aldeia e em aldeias vizinhas, pediam ajuda. Eram bem conhecidos de toda a gente. Com pena, piedade e por caridade as pessoas davam algo do pouco que tinham: Alimentos, na maioria, já cozinhados, roupas e utensílios usados. Raramente, dinheiro. Destas parcas esmolas vivia esta família. Os dois filhos logo que cresceram, seguiram o mesmo caminho.

O António era um miúdo muito vivo. Cedo se apercebeu da miséria em que vivia.  Olhava os miúdos da sua idade e tinha pena de não viver como eles. Sonhava com uma casa como a deles!!!. Sonho esse, impossível de realizar a pedir esmola. Sentia-se o mais pobre dos pobres!!!.

Aos 12 anos conseguiu que um pequeno construtor civil lhe desse trabalho como servente de pedreiro. Embora, o salário fosse muito pequeno, permitiu melhorar substancialmente a vida da família. O irmão, vendo que era melhor ter dinheiro que pedir, seguiu-lhe o exemplo. Com dois salários, já podiam comprar a maior parte do que necessitavam para viver. Recebiam á semana. A meio da semana seguinte, já não havia dinheiro. Os pais gastavam tudo. Acomodados á situação, saíam uma vez ou duas, por semana, a pedir. Basicamente viviam á custa dos filhos!. Foi assim, durante dois anos. Os filhos trabalhavam e os pais ficavam em casa.  Como era de prever não amealhavam nada e continuavam a viver mal.

O João, com 17 anos, começou a ver que assim não melhorava a sua vida. Um dia pôs os pontos nos i´s: - Do meu salário vou-lhes dar metade para gastos da casa, e a outra metade vou juntar. – Disse aos pais. Estes ainda barafustaram, mas tiveram que aceitar. Aos vinte anos, com a profissão de pedreiro, casou e fez uma vida normal. Estabeleceu, dar aos pais, um montante para sobreviverem.

O António queria ir mais longe. Seguiu o exemplo do irmão: Começou a amealhar metade do salário. Mas, era pouco para a sua ambição. Dava voltas á cabeça, tentando descobrir, a maneira de ganhar mais dinheiro!!.

Algumas famílias da aldeia que tinham hortas, habitualmente criavam um animal doméstico para vender: Porcos, cabritos e borregos eram os mais comuns. António pensou nisto, mas não tinha horta!. Ao saber que um proprietário, por motivos de saúde, queria arrendar a sua, nem pensou duas vezes!. Tinha dinheiro, mais que suficiente, que lhe permitiu pagar a renda de um ano. Comprou cinco borregos pequenos. Ao fim de três meses vendeu-os pelo dobro. Comprou mais cinco e fez o mesmo três meses depois. Aos dezoito anos, tinha um bom pé de meia. Mesmo assim, para a sua ambição, achava pouco.

Experimentou encurtar o tempo de criação. Ganhava menos em cada uma, mas vendia mais. Compensava. De três meses passou para mês e meio; de mês e meio para um mês; de um mês a quinze dias; até que se tornou negociante de gado: Comprava e vendia de imediato. Fornecia talhos e andava de feira em feira. Deixou de trabalhar por conta de outrem, á medida que o negócio cresceu.

Aos vinte anos estava por sua conta e risco. O negócio prosperava. Ganhou muito dinheiro. Não era rico mas vivia sem problemas. Não comprou terras, mas fez uma casa, enorme, com todas as comodidades da época.

A força do dinheiro, transformou a sua simplicidade e humildade em vaidade, arrogância, presunção e egoísmo. Não quis os pais a viver com ele. Por descargo de consciência, responsabilizou-se pelo aluguer de uma pequena casa com condições aceitáveis de habitabilidade. Pagava a renda e contribuía com algum  dinheiro para a sobrevivência dos velhos.

Contavam-se muitas histórias, acerca das suas atitudes incorrectas que lhe mereceram o desprezo de muita gente. Gente, que o ajudou a criar, enquanto viveu das esmolas. De todas a mais impressionante foi a que se passou com o seu principal fornecedor de gado, um criador da aldeia. Tinha muitas terras e vivia bem. Criava vacas, ovelhas e cabras. Toda a criação, para venda, era transaccionada com António. Vivendo os dois na aldeia, tornava-se fácil, cómodo e vantajoso.  Como bom negociante, o António não pagava logo. Uma vez, atrasou-se mais que o habitual e o criador foi a casa pedir-lhe o dinheiro. Este era simples, humilde e educado. O calçado que usava era próprio dos lavradores da época: Tamancos. Bateu á porta de António, e quando este respondeu, pediu licença para entrar!.. A resposta foi surpreendente: - Não. Em minha casa não entram pategos que calçam tamancos. Ah!. Desculpa!. Venho ver se me podes pagar os borregos que levaste no mês passado?. – Balbuciou o criador, com espanto!. – Já estava aqui de lado!. Pega!. – Com um obrigado, o criador afastou-se.

Obviamente o homem não gostou!. Já sabia da soberba do outro, mas nunca pensou ser humilhado, daquela maneira, tendo em conta o relacionamento de “negócio” entre os dois. A vingança, do criador foi simples: - No fornecimento seguinte a este episódio, exigiu o pagamento imediato!. Claro que António não gostou, mas teve que se sujeitar!. O negócio era demasiado bom para o perder.

Com muito dinheiro, António começou a ter muitos “amigos”. Com ostentação pagava “copos” e mais “copos”. Com alguns, de fora da aldeia, até grandes petiscadas fazia. “Amigas” também não faltavam. Eram mais que muitas. Com estas, António era muito fraco. Até dinheiro lhes emprestava. Com uns “favores” e umas choradeiras pelo meio, acabava por lho dar!!!.

Com a idade de 70 anos, António, já não conseguia dinamizar o negócio. Entrou em declínio. Os lucros eram cada vez menores!. O custo, de sustentação da “bela” vida e dos amigos era superior ao rendimento. Em dez anos, estoirou o que tinha conseguido arranjar!!!. Vendeu a casa com tudo o que tinha dentro e fez da furgoneta a sua habitação!. Os amigos afastaram-se. Passavam por ele, fingindo não o ver ou conhecer.

Acabou por vender a furgoneta e foi viver, sem ordem, para o palheiro onde nascera, que entretanto tinha sido comprado pelo criador dos “Tamancos”. Este ao vê-lo lá, numa manhã, aproximou-se e disse-lhe: - Oh! António!. Eu podia correr contigo daqui para fora. Só não o faço porque tenho pena de ti!.. … Autorizo-te a ficares o tempo que quiseres!. – E, fixando os sapatos, velhos, que António tinha nos pés, disse: - Quando acabares de romper os sapatos que tens calçados, terei muito gosto em te oferecer uns tamancos. – Voltou-se e foi-se embora, sem dizer mais nada.

Passado algum tempo, António faleceu: Morreu como nasceu!. Sem nada!!!.

publicado por jcm-pq às 17:44
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