Com alguma frequência tenho ouvido dos meus familiares idosos, manifestações de desgosto, desalento e desilusão com a vida. De maneiras diferentes, todos apontam no mesmo sentido - Que já não servem para nada, que ninguém lhes liga, mas que também não admira, porque nunca ninguém lhes deu valor ou apreciou. Ao princípio não ligava, até achava natural e que era próprio da idade.
Ultimamente tenho comentado isto com amigos e curiosamente dizem-me que os seus familiares dizem o mesmo. Sendo assim, parece-me um fenómeno generalizado, o que é preocupante.
Matutei no assunto e cheguei á conclusão que nós somos os culpados. Somos culpados porque não dialogamos com eles, e quando o fazemos, se não ouvimos o que queremos ou gostamos, acabamos por arrematar o diálogo com frases fatídicas, do tipo: “agora já não é assim”, “isso era no seu tempo”, “você sabe lá o que está a dizer” etc…, e desligamos. Uma atitude destas é, no mínimo, desumana.
É verdade que determinados assuntos da actualidade sejam do seu desconhecimento e consequentemente a sua opinião seja descabida ou disparatada. Mas eles querem falar, querem ser simpáticos, querem ser prestáveis, em suma, querem sentir-se úteis. De facto deve ser muito triste, sentirmo-nos passados e inúteis e pensar que a nossa vida foi banal e sem qualquer importância. Factos essenciais que levam o idoso, em desespero, a manifestar-se da maneira que o faz.
Em face disto, e se a minha teoria estiver certa, porque não mudarmos o sentido do diálogo, para algo que eles saibam discutir - chamar-lhes a atenção para o bom que foi eles terem existido, o quanto contribuíram para a felicidade dos que com eles conviveram, lembrar-lhes coisas boas do passado, lembrar-lhes algo de notável que tenham feito ou que lhes tenha acontecido - não conheço nenhum idoso que não goste de falar no seu passado.
No fundo é retribuir-lhes o amor e carinho, que nos deram, quando dele precisamos. E, quantas coisas mais poderíamos fazer por eles? Penso que muitas.
Se todos procedêssemos deste modo, aquelas angústias e desesperos com que deparamos, certamente, tenderiam a desaparecer.
Se nos transformarmos nos seus Anjos da Guarda, contribuiremos para que os seus últimos dias de vida, sejam passados com alguma felicidade e dignidade.
Jcm-pq
De
Moira a 24 de Setembro de 2008 às 16:36
É o que se passa com a maioria dos velhos não saberem o que fazer com o tempo que lhes resta.
O meu pai não é disso exemplo, felizmente, desde que se reformou passa o tempo a ler, desde literatura, poesia e até algumas bibliografias de autores que gosta, mas decerto é de uma geração mais recente. Tenho um amigo cuja mãe na casa dos 93 anos e que já não é auto-suficiente passa o dia sentada no sofá até que chegue a hora de deitar, na maioria das vezes fala sózinha para afuguentar a solidão, quando lhe fazemos uma visita a alegria dela é imensa, e apesar de já estar muito atacada da cabeça relata-nos histórias incríveis de quando era jovem.
Relatos há no entanto de pessoas que abandonam os velhos em hospitais na altura das férias...
A velhice devia ser sinónimo de sabedoria, os velhos deveriam ser os pilares da família, afinal foram eles que nos criaram, mas ao invés disso são postos de lado e abandonados simplesmente porque dão trabalho ou são chatos... A nossa sociedade ainda tem muito que aprender, mas valores como o respeito pelos velhos não se aprendem na escola, nascem no seio da família, e se na família não se ensinam esses valores eles morrem, não passam para a geração seguinte...Ainda há muito por fazer.
De
jcm-pq a 26 de Setembro de 2008 às 11:01
Olá Moira!
É verdade torna-se tudo mais fácil quando os idosos têm apetência para a leitura ou outra ocupação qualquer. O pior é quando a perdem e só querem conversar!. Quando se tornam meninos, outra vez!. Não é por acaso que se diz que “de velho se torna a menino”.
Cumprimentos.
Jcm-pq
Nota: Em relação à “expo 1889”, agradeço a sua boa vontade!. Eu pensava que tinha mais fotos e que fosse fácil digitalizar e enviar!. Assim, o que publicou é suficiente para guardar como relíquia histórica!. Obrigado.
Deveríamos ser como os índios, que vêem os idosos como pessoas sábias e de grande valor...
Infelizmente os nossos idosos andam tristes, sozinhos e desamparados, largados em lares e hospitais...
Fico tristíssima quando vejo no hospital onde trabalho idosos vítimas de negligência e de maus tratos por parte de familiares... Chego até a ficar com raiva dessas pessoas que parece que não têm coração e ignoram que essa pessoa é um ser humano com sentimentos e necessidades especiais.
Daqui a uns anos seremos nós os idosos... Gostaríamos que nos fizéssem isso a nós? Então não façamos aos outros!
Bjns!
De
jcm-pq a 26 de Setembro de 2008 às 11:03
Olá Cuidandodemim!
Concordo com o que dizes!. No entanto para alguém, e acredita muita gente, diria que proceder como os Índios seria voltar à pré-história.
Bom seria que toda a gente pensasse que os velhos de amanhã seremos nós!. Assim, acredito que as coisas seriam vistas de outra forma!.
Beijinhos.
Jcm-pq
De rafaela a 25 de Setembro de 2012 às 03:57
Oi gostei mt da sua cronica eu cuidei da minha avo materna durante um ano enquanto ela tava em cima da cama,e olha foi dificil ja q antes a gente brigava mt... Mas no fim valeu a pena ela morreu em paz cmg e vice versa. Foi uma liçao pra mim,mudou meu jeito de pensar a respeito abraços.
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