Na sociedade actual, cada vez se assiste mais a atropelos e concorrência desleal entre as pessoas. É quase uma selva ou um salve-se quem puder. Sabemos que está mal, ou pelo menos toda a gente diz que sim com a cabeça, mas a culpa nunca é nossa, é sempre dos outros.
Sabemos que temos uma missão. Toda a gente tem uma missão, mas será que nos preparamos, convenientemente, para a cumprir?. Se calhar, não!!! E, não será esta a causa dos males e defeitos que vemos na sociedade?
Há muito tempo contaram-me um conto. Na altura não o percebi, nem vi qualquer moral a tirar dele. Achei que era mais uma história da carochinha. Hoje, vejo e sinto que esse conto “antigo” permanece muito actual.
Vou dar o meu melhor na sua reprodução!.
Os Aguadeiros do Rei
Num reino muito distante, o Rei mandou construir o seu Castelo no ponte mais alto e inacessível do território. A localização era óptima, quanto a defesa e segurança, mas não tinha água. No planalto que circundava o morro onde fora construído o Castelo, havia duas nascentes. Uma do lado Norte a outra do lado Sul. O acesso a ambas era muito difícil.
Para abastecer o castelo de água, o rei contratou dois aguadeiros. Um para cada nascente. Um era alto, forte, bem constituído fisicamente, dextro e muito perspicaz. O outro, era em tudo, inferior. O que mostrava melhores atributos e qualidades ficou com a nascente Norte e obviamente o outro com a do lado Sul.
A tarefa de cada um, era encher o reservatório que lhe competia. Logo que estivesse cheio, podia parar e não fazer mais nada. A sua missão, diária, estava cumprida.
O aguadeiro perspicaz, preparou o acesso á nascente, de forma a permitir-lhe ligeireza, para que mais rapidamente enchesse o reservatório que lhe competia e ficar assim, com tempo livre para passear e descansar. Então optou por fazer atalhos, com alguma inclinação e com degraus mais altos que o normal. Num ápice concluiu a obra. O acesso, embora melhorado, estava longe de se considerar bom. Isso não preocupou o aguadeiro, porque era forte e fazia o percurso com facilidade. Em meio dia enchia o seu reservatório. O resto do dia passava-o a dormir ou a dar conversa aos guardas do Castelo.
O outro aguadeiro, também preparou o acesso, á sua nascente, de forma a permitir-lhe ligeireza e condições para cumprir a sua missão. Como era mais fraco fisicamente, escolheu inclinações menos acentuadas, fez degraus simples e normais e foi mais longe. Ao longo do percurso criou zonas de descanso, onde plantou árvores, flores, e, fez um banco, grosseiro, em cada uma, para se poder sentar. Demorou mais tempo que o outro, mas ficou óptimo. Criou um acesso mais longo, mas mais fácil. Plantou árvores e flores que tinha de regar. Como tinha zonas de descanso, quando passava nelas, descansava. Levava o dia inteiro para encher o reservatório que lhe competia.
Ao fim do dia quando se encontravam nos aposentes, o primeiro ria. – Durante a tarde não fiz nada, estive aqui de papo para o ar – Dizia com ar de gozo – E o rei até me elogiou por ter sido tão rápido – Acrescentava. – Ainda bem – Era a resposta do outro.
Passado algum tempo o aguadeiro da nascente Norte, começou a ter dificuldades em encher o reservatório, no meio dia de que ele tanto se gabava. Gradualmente o tempo foi aumentando, até que em dada altura, acabava de encher ao mesmo tempo que o outro. Por vezes, quando chegava aos aposentes o companheiro já lá estava. Chegava tão cansado, que dava pena. Deitava-se sem dizer uma palavra.
O aguadeiro da nascente Sul mantinha o mesmo ritmo e não se notava qualquer alteração na sua conduta. Continuava a cumprir a sua missão com eficiência.
Aconteceu, que o Rei farto de estar limitado ás muralhas do castelo, resolveu fazer uns passeios. Escolheu os caminhos dos aguadeiros, e alternadamente ia ás duas nascentes. Quando ia á nascente Norte, a Rainha queixava-se do mau humor do Rei e comentava o seu visível cansaço. Quando ia á nascente Sul o efeito era exactamente o contrário. O rei chegava de bom humor e fresquinho que nem uma alface.
Algum tempo depois, o aguadeiro da nascente Norte adoeceu e teve de ser substituído. Faleceu passado algum tempo. O motivo da morte foi o terrível cansaço que dele se apoderou. O da nascente Sul, continuou ao serviço e a cumprir a sua missão, por longos e longos anos.
O Rei continuou a fazer os seus passeios, mas só à nascente Sul.
Moral da história. Cada um tire a que entender!!!.
Jcm-pq
. Os erros e as consequênci...
. Termas de Monfortinho/Mon...
. Campamha Eleitoral - Frus...